Hiperatividade
Muito falada hoje em dia, a hiperatividade consegue ser um problema. Porque salta. Porque pula. Porque não pára quieto. Porque parece que tem molas. Porque tem pilhas. Porque parece que quer tudo e depois já não quer nada. Porque não quer estudar. Porque Porque Porque. A hiperatividade pode ser uma angustia compartilhada entre pais e filhos. Surge frequentemente – sendo diagnosticada – em especial, em idade escolar, através do fraco desempenho escolar, das retenções e do comportamento na sala de aula. A medicação que é, muitas vezes, a única solução à vista, é imediata. Faz efeito. A criança fica mais ‘calma’, ‘menos agitada’. Não é tudo. A hiperatividade é psicologia, porque é relação.
A criança hiperativa necessita de tempo de construção, de consolidação de outros modos de ser e estar, de pensar e de sentir para que a hiperatividade não comprometa a sua vida, a jovem e a adulta. Para que não fique dependente do comprimido. Para que não fique dependente do sofrimento que atrás dele se esconde.
As suspeitas de hiperatividade podem ser muitas. Não raras vezes há uma história de inquietação e impulsividade antes de se concluir um diagnóstico. Uma criança desde cedo demonstra muita irritação, desobediência e pouca satisfação com alguma situação, circunstância ou objeto. Pode envolver-se em agressões, brigas e lutas nas suas interações sociais e apresentar problemas de memória e concentração. As suas emoções são largas e os seus choros são amplos, vão além aquilo que se conta, que se relata, que magoou. Parece ser uma criança ‘sem paciência’, sempre ‘ aflitinho com qualquer coisa’, ‘ sempre com pressa’, que se ‘distrai com tudo’, com ‘momentos de alegria exagerados’ ou uma ‘grande frustração’.
Das diferentes classificações da Hiperatividade, salientamos: a desatenção e a Hiperatividade-impulsividade. Dois padrões persistentes.
1.Desatenção
6 ou mais sintomas persistem mais de 6 meses e têm um impacto negativo direto nas atividades sociais, académicas/ocupacionais
Os sintomas não são apenas uma manifestação de comportamentos de oposição, desafio, hostilidade ou falhas na compreensão de tarefas ou instruções, falha em prestar atenção a pormenores ou comete erros por descuido
- Tem dificuldades em manter a atenção no desempenho de tarefas ou atividades
- Parece não ouvir quando se lhe fala diretamente
- Não segue instruções e não termina os trabalhos escolares
- Tem dificuldades me organizar tarefas e atividades
- Evita, não gosta ou está relutante em envolver-se em tarefas que requeiram um esforço mental mantido
- Perde objetos necessários para as tarefas ou atividades
- É facilmente distraído por estímulos alheios
- Esquece-se com frequência das atividades quotidianas
2.Hiperatividade e impulsividade
- Frequentemente, agita e bate com as mãos ou os pés ou remexe-se quando está sentado
- Levanta-se em situações em que se espera que esteja sentado
- Corre e salta em situações em que é inadequado fazê-lo
- É incapaz de jogar ou envolver-se com tranquilidade em atividades de lazer
- Está frequentemente ‘ em movimento’, agindo como se estivesse ‘ligado a um motor’
- Fala em excesso
- Precipita as respostas antes das perguntas tenham acabado
- Tem dificuldade em esperar pela sua vez
- Interrompe ou interfere nas atividades dos outros
De causas ainda não verdadeiramente conhecidas, parecem existir diferentes fatores que influenciam a PHDA – Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção:
Influência Genética: A probabilidade de adquirir este distúrbio duplica se uma criança tiver um pai ou mãe com esta perturbação.
Fatores Genéticos e Ambientais: podem potenciar a PHDA (Por exemplo, ambientes agressivos, familiares conflituosos, negligência por parte dos pais, etc.)
Gravidez ou Parto: associados a problemas tais como hemorragia pré-parto; consumo de tabaco e/ou álcool durante a gravidez; má saúde materna; stress fetal; etc.
Influência psíquica das questões parentais tais como ansiedade, depressão, intolerância às frustrações, abuso de substâncias químicas, ou outras
As crianças hiperativas apresentam disfuncionalidades sociais, relacionais e ocupacionais. Podem sentir-se chateadas e aborrecidas facilmente e perderem o interesse rapidamente, procurando, aqui e acolá, sempre, outras atividades que sejam mais recompensadoras ou muitas ao mesmo tempo, não perdendo tempo para tudo o que tem para fazer. O suspenso quase que não existe. As atividades não são as dos investimentos e das esperas mas as rápidas, com recompensas imediatas ou intermédias até ao final, de preferência. Como todos nós mas mais veloz. Podem ser consideradas imaturas pela dificuldade de aprofundamento e investimento a longo prazo contudo, não são incapazes de o fazer ou ser.
O acompanhamento psicoterapêutico é essencial para as crianças com hiperatividade. Embora que a família intervenha através da organização, horários mais rígidos e acalmia, atenção e cuidado, é necessária intervenção psicoterapêutica.
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