O Pai no desenvolvimento
O papel do pai no desenvolvimento da criança transformou-se. Foi, ao longo dos tempos relevando-se como sendo de grande importância e participação, colaborando com a mãe-trabalhadora. Patriarca, mais silencioso e reservado, mantinha mais individualidade no seio familiar, ocupava um lugar acima da trama doméstica constituída pela mulher e pelas crianças. A configuração da família engloba atualmente um pai mais interveniente, mais emotivo, mais colorido e definitivamente mais materno. O pai exercia o poder na casa, a força, a autoridade última nas decisões, a relação com a dependência económica era uma constante e todos se submetiam às regras estabelecidas. Atualmente, a palavra da mãe está mais elevada, foi promovida a separação com o filho, a partilha das tarefas é mais constante. Uma nova distribuição de papeis de masculino e feminino. Das teorias psicológicas retiramos que o o papel da figura paterna é estruturante desde a nascença. Ainda com os olhos fechados, com um metabolismo acelerado, a relação com a mãe é a privilegiada contudo nesta reside um pai que depois separa fisicamente e psicologicamente, papel fulcral na constituição da tríade mental, essencial para a formação de pensamentos. Um terceiro elemento que faz parte do corpo, da mente da mãe e que separa ao longo do 1º ano de vida até à sua plena identificação, até à constituição do complexo de édipo, fundamento essencial da saúde mental.
Em autoridade, o pai é a lei que interdita e cria o conflito em especial, também é o representante e regulador do investimento da criança no mundo exterior. Também aquele que dá significado à representação da mãe como materno, ao qual se segue pois naturalmente o paterno, em significado psicológico. É função estruturante do eu da criança. A necessidade da figura paterna no processo de desenvolvimento infantil ocorre entre seis e doze meses, quando a criança se vê inserida no triângulo edípico, denominado organização genital precoce, e, na adolescência, quando a maturação genital obriga a criança a definir o seu papel na procriação, havendo um movimento mais intenso na adolescência ao alcance da autonomia definitiva. Também é fundamental enquanto aquele que separa da mãe, o diferente, o que diferencia. Ao pai cabe pois o significado psicológico do primeiro mundo social, a integração de um segundo elemento de identificação, a instrumentalização e o fazer e concretizar, o poder.
Aos 6 meses aos 12 meses
O contacto físico entre o pai e o bebé é uma referência na sua organização psicológica. Há um esboço psíquico de uma tríade, um triângulo entre mãe – pai – bebé. Uma segunda voz à volta da criança, reforço do materno da mãe. Existência do paterno, contido no materno.
No 2º Ano
Já existe a imagem de pai e mãe, a figura paterna fica mais acentuada. A criança está acordada para a realidade, o pai é figura a explorar. Apoia o desenvolvimento social da criança, em especial. O papel do pai emerge nas dificuldades inerentes ao desenvolvimento global da criança, nas suas atividades, quotidiano e também na dinâmica da família a que a criança começa a perceber.
No 3º ano
A imagem do pai é o interdito, a lei. Encarna a separação definitiva e necessária em relação à mãe que pertence ao pai e não à criança. Os limites e diferença são as noções que se impõem. Constituição psicológica do complexo do édipo.
No 4º Ano – Juventude
o papel do pai por vezes difunde-se com o da mãe, porquê? Porque são apreendidos como um casal – os pais. O seu papel traduz-se numa dinâmica familiar. Obedece aos mesmos critérios para a identificação e integração do masculino – igual e/ou diferente – e está presente psicologicamente na aquisição das características do pai, o homem, na configuração da personalidade da criança, sem no entanto perder as suas qualidades ao nível da ordem, do acesso ou proibição, da lei.
Na Adolescência – vida adulta
No período da adolescência, em autonomia física e psíquica, a criança volta a necessitar da figura parental, para a questionar de forma definitiva, para se questionar enquanto pessoa no mundo, lugar junto dos pais, dos outros. Novos debates sobre a ordem, o acesso ou proibição, da lei e dos limites são colocados como prioritários a nível psicológico.
IN Revista consciente, crónica Nas Nossas Mãos, Nº 5, Março, 2016
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