Pesadelos
Quem Não Tem um Monstro Debaixo da Cama?
Dos mais comuns aos mais bizarros, os pesadelos nas crianças são mais frequentes que nos adultos. Todos tivemos o típico monstro de unhas grandes e afiadas debaixo da cama, um dia algures, para trás. Mais adultos e humanizados, mais peludos e adocicados, os pesadelos são eternos e fazem parte do mundo dos sonhos, onde a fantasia e as histórias de reinos perduram saudavelmente na constituição da mente da espécie humana e na resolução dos diversos conflitos.
Quem não tem um monstro debaixo da cama ou um urso dentro do armário? Todos nós. Com mais pêlo, roliço e de unhas amarelas em forma de cone ou esbranquiçado a comer bolachas pretas, todos temos os nossos monstros. Os pesadelos que nos tiram horas de sono precioso para o descanso da mente e saúde da memória são comuns a todos. E tão mais frequentes e intensos quando só se conhece o mundo, enorme, há pouco mais de 5 ou 7 anos. Á semelhança de um sonho, o pesadelo contem imagens muito reais que são acompanhadas, invariavelmente, por pensamentos e emoções. A associação a situações ou objetos angustiantes podem provocar diversas reações tais como o aceleramento do ritmo cardíaco, a tentativa de fuga com movimentos bruscos, a respiração acelerada e o choro. Os pesadelos podem ajudar uma criança a lidar com aquilo que ainda não aprendeu a controlar. Através de ‘sonhos maus’ a criança é forçada pela sua própria mente a se pensar e a se perceber, a interpretar-se. Quando não percebem ou não controlam, o grito e o choro que o pesadelo também contêm, acodem-na e ajudam-na a decifrar aquilo que ela não percebe, que é inconsciente. Os pais que socorrem a criança na aflição fazem depois a outra parte de significação e da contenção tão importante para esta perceber que não está sozinha, que existe quem a defenda e que a situação é mais controlável do que a (quase pura) emoção que vivenciou no sonho. Os sonhos e os pesadelos em especial servem muitas vezes para dar vazão àquilo que se passa na vida da criança, em especial, situações de conflito.
Os pesadelos podem ficar retidos na memória e no consciente durante algum tempo provocando na realidade medos e ansiedades. O diálogo e a promoção da quietude é sempre essencial. Em quantidade considerável, podem afetar a qualidade do sono e levar à exaustão física e emocional. Para prevenir a frequência alta de pesadelos, os pais devem criar um ambiente propício para que a criança durma bem. Um ambiente calmo, confortável. A televisão, os computadores, telemóveis, devem ser afastados pelo menos uma meia hora antes, para que esta não fique muito agitada ou preocupada. Se a criança tiver alguma dificuldade em adormecer, poderá ser contada uma história propícia ao ambiente, sem grandes sobressaltos, para que possa descontrair. As crianças precisam de serenidade e calma para que possam relaxar, uma vez que também têm noção que o mundo é governado por adultos, e que eles são mais frágeis e ainda pouco entendedores de tanta complexidade.
Necessitam de experiências boas em continuidade para que o hábito e as conquistas – ao seu nível- lhes possam trazer confiança suficiente para que possam lidar com os seus problemas. Aquando da aquisição da linguagem, há tendência a uma maior frequência de pesadelos. A maturação do sistema nervoso pode levar a que, nas suas interpretações simples dos sentimentos e em especial do medo, receio e angústia, haja um maior aprofundamento das suas questões e portanto a emoção a elas ligadas esteja ainda a conhecer os trilhos de novos símbolos e novas explicações, dado que o mundo se abre à significação variada.
Uma forma de tentar ajudar o seu filho será averiguar como andam as coisas na escola, o seu relacionamento com os colegas, professores, amigos, notas, desejos e motivações. Além do ambiente familiar, o mundo da criança fica circunscrito às suas atividades diárias e são essas que o vão moldando psicologicamente e são a inspiração ao pesadelo.
PARA DIFERENCIAR
Pesadelos – ocorrem no chamado estágio REM do sono, grande atividade do vivido do sonho, mais frequente nas crianças ocorrendo por períodos que podem durar até 3 horas. A atividade cerebral no estágio REM está associada aquela que ocorre no dia a dia em estado de alerta. É o melhor período de sonho.
Terrores noturnos – ocorrem logo após a criança se deitar na cama e relaxar para se dar o sono. É sentido o grande medo e receio de não acordar por se estar a passar para um estágio mais profundo do sono, sem controlo muscular. Pode ser acompanhado por movimentos de luta o que leva a criança a acordar. Tem por objetivo recuperar a consciência completa. Ocorre entre as fases 3 e 4 de sono, fases de relaxe.
Visite-nos em www.revistaconsciente.pt
Se tem uma pergunta para nós, Escreva-nos. (Gratuito). Se acha que não consegue resolver sozinha/o. Marque uma consulta.
info@mpauladias.com
www.mpauladias.com
Psicologia Clínica. Psicoterapia. Psicanálise.