Quando a criança se isola

As crianças são fonte de emoções. Risos, gargalhadas altas, guinchos, saltos, correrias, choros e birras são comportamentos naturais. Experimentam o mundo.  A beleza deste, as suas cores, as atividades, as pessoas, por norma, fazem um ser humano, em crescimento, sorrir. A sua bondade natural, a sua simplicidade e a sua ingenuidade dão-lhe um colorido que transporta uma vivacidade característica que invade os outros. Quando a criança habitualmente faladora e sorridente se isola, algo está errado.

 Uma criança que se isola,  que se retrai em brincadeiras, que desvia o olhar e que  prefere ficar sozinha é uma criança em sofrimento. O ‘mundo’ deixou de ser excitante e aventura por alguma razão. Uma criança que prefere ficar afastada das outras é uma criança que pode estar a ser vítima de agressão, física ou psicológica, grave ou menos grave. Assim falamos quando pensamos em bullying, chantagens, troça ou ameaças. Estas agressões podem vir do meio escolar ou do meio familiar. Se uma criança se retrai do relacionamento com os outros poderá não ser por timidez que apresenta outros contornos facilmente detetáveis mas sim por insegurança advindas de experiências negativas.

Se sente o mundo de forma positiva, na abertura e na expansão do seu saber e da sua curiosidade, acolhendo-a, a criança reconhece-o e reconhece-se. Abre-se e expande-se. Deseja antes de mais aumentar as suas capacidades e a sua vontade face ao que não conhece é impulsionado para a frente. Se a abraçam, ela também abraça. Se não a abraçam, ela também não abraça e sofre.

Quando o mundo não está ao seu alcance, é grande, poderoso e lhe incute temor e dificuldades inultrapassáveis, ela retrai-se, por frustração. Não se sente competente, interessante, gostada e admirada pelo outro. Está aquém e diminuída.  O mundo é feio e o outro um ser muito complicado, imprevisível. A sua insegurança, por transferência ou própria por resultado de experiências fracassadas ou anuladas está na origem sobre a sua inabilidade para se relacionar, participar nas atividades mais simples. Afasta-se. Isola-se. O que fazer nesta situação? O que pensar? Investigue. Aproveite o momento para falar com a criança. Sem culpa e com tempo. Abrace o momento para ser abraçada. As crianças têm uma tendência natural para serem sinceras mas compreendem e leem, muitas vezes melhor que os adultos. Brinque. Fale de assuntos corriqueiros, de pó de fadas e também do que a leva a isolar-se. Investigue.

  • Entenda:
  1. O espaço físico e relacional que ela procura para se sentir bem
  2. Quem são os outros que ela segue, na escola?
  3. Como comunica com os outros?
  • Os seus comportamentos de isolamento:
  1. São atuais ou descrevem uma espécie de trajetória, ascende ou descendente
  2. Confundem-se com uma outra história tambem recente ou habitual de isolamento?
  • Que lugar ocupa na dinâmica familiar:
  1. de confusão, de silêncio, de conforto, de descontração

 

Irá encontrar ao longo da sua pequena investigação algumas respostas que a levarão a encontrar um fio condutor justificador do comportamento de isolamento da criança. Se não conseguir poderá sempre pedir ajuda a um bom/boa amigo/a ou ajuda profissional. A criança pode esconder um problema maior que vai além uma situação de conflito psicológico simples. Nesta situação pode sempre resolvê-la com pequenos passos e mudanças que a ajudem a sair da sua cápsula.

  • Leve-a a parques verdes e/ou temáticos onde ela possa interagir com outras crianças
  • Experimente atividades lúdicas na qual a criança possa participar e conviver
  • Investigue atividades desportivas que a possam interessar

IN revista consciente, ‘Nas Nossas Mãos’, Nº 21, Outubro 2017

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