Ser Hipocondríaco

Dar o corpo pela alma

Os hipocondríacos são comumente descritos como aqueles que têm ‘a mania das doenças’. É encarado como ‘engraçado, contudo, ser hipocondríaco é estar em sofrimento, em grande amplitude, por vezes ao ponto da sua vida se resumir à contenção possível que advém de um resultado ao sangue ou radiografia. Não houve compreensão e continua a não haver. Desmistifique a ‘mania’ pois é uma perturbação. O hipocondríaco sofre de males físicos que podem ser imaginados ou exagerados, contudo a sua dor está lá, é real e psicológica.

Ser hipocondríaco é por vezes, viver em função de consultas médicas, consultas essas, que podem levar, através de exames e do diálogo com médicos, a uma acalmia que será, enquanto não se procura ajuda de psicológica, a melhor forma de lidar com o sofrimento que se possui. Entre consultas, sofre, em especialistas descansa. O controlo é importante. Acreditando que pode sofrer de uma doença grave que o pode levar à morte, o hipocondríaco procura ajuda nos médicos, procura, também em muitos casos a apalpação – o toque-, com saber, mais que o seu. Não controlar a angústia é pior para si do que fazer os exames de rotina, os exames da especialidade, o obter uma segunda opinião. O palpável assegura-o.

A doença, física, dá significado ao mal estar, e a informação médica contem o seu medo original e sempre presente na sua mente, que é o medo de morrer. A auto-observação do corpo de forma contínua pode ser uma rotina. A mesma que esconde aquilo que está além físico. É uma doença do foro psicológico e não psiquiátrico. Os medicamentos contudo iludem, mesmo que temporariamente, o bem-estar ou o mal-estar. O adormecimento psicológico está na base dos ritmos e dos rituais. Vive em sobressalto, com saúde física, com alguma reserva e a única solução é a psicoterapia, a real e original terapia da mente, da relação, dos afetos e dos sentimentos, da alma. A relação presente, proveitosa, pode conter as suas angústias, as suas dúvidas, aquele que é do outro e da relação que passa a si, mais capaz e fortalecido, mesmo que a perfeição nunca se alcança.

As lacunas de afeto e atenção, perspetiva e significação, nas redes da memória iluminam a preocupação e fazem desvanecer a dor. Outros ritmos e outros rituais, aqueles que outrora, enfim, sentiu necessidade. Não devem ser descuradas as preocupações com o físico, os testes e exames, as dores físicas, não deve, contudo, haver negligência psicológica, para nós, a importante, nesta situações. O deslocamento nem sempre poderá ser o mais eficaz.

IN Revista consciente, ‘ Saúde’, Nº 41, Outubro, 2018

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