Tempo para Mudar, Tempo para Voar
Em qualquer altura é boa altura para falar de mudança. Aceitar o novo não será o mesmo que integrar uma mudança, querer mudar. Falar de mudança e o que esta pode fazer de/em nós, é falar de esperança. Temos em nós uma capacidade inata para mudar. É-nos intrínseco enquanto seres dinâmicos. Temos capacidade de amar a nós próprios, de nos moldarmos, de nos adaptarmos, de nos integrarmos, de nos refazermos, de nos recriarmos de iniciar planos, arejar ideias e segui-las à risca quando queremos mudar. Todos os dias são marcados por mudanças. A camisa suja que se troca de manha em 5 segundos, a chuva que cai antes de passar a porta no trabalho, a reunião para ontem quando tinha o seu dia planeado, o memorando que chega com uma nova lei fiscal, os nossos amigos que chegam nessa noite e jantam lá em casa. Mudamos. Alteramos os nossos planos. Adaptamo-nos. Alteração e inovação são palavras quotidianas.
As pequenas alterações psíquicas que aplicamos, em especial no nosso humor, perante as diferentes exigências de um dia-a-dia farto em mudanças, são dignas de ser anotadas e revistas no final do ano. Mudamos. Mudamos bastante e não damos conta. Sacodem-nos, abanam-nos e agitam-nos, desde o momento que acordamos até ao momento que adormecemos. No entanto, consideramos que nos é difícil mudar quando é essa nossa intenção. Estamos bem como estamos. Porque vou mudar. O que ganho em mudar. Para quê. A nossa resistência leva a melhor, na maior parte das tentativas. A ação de mudar, de forma consciente, está sempre rodeada de questões que muitas das vezes nos desviam daquilo que sonhamos. Resistimos à mudança. Aquela que queremos, que tanto desejamos. Para mudarmos, de forma consciente, é necessário desejarmos também os efeitos da mudança, as consequências. As perdas implícitas. As frustrações. É necessário sofrermos. Mesmo que embora todos os dias vamos mudando sem saber. Umas vezes para melhor, outras vezes para pior. Vamos cuidando de nós, sem sabermos. Para mudar de forma consciente é necessário tempo. Tempo que prenda a sua atenção, o foco e a concentração. Tempo que cuide da nossa emoção. Aquela que está implicada no mudar e a outra aquela que vem a seguir do mudar. Das nossas propostas para mudar conscientemente, para seguir os seus planos e não se deparar, apenas, com as mudanças que foi efetuando semi-acordado(a), salientamos: Tome algumas notas– reforçam a sua intenção, consegue prever erros e transtornos, em especial, sentimentais; Tenha pleno conhecimento dos objetivos –‘adivinhe’ algumas etapas e as suas reações que terá ao subir alguns degraus mais altos; Preveja-se no pequenos períodos de caos, de desequilíbrio e tentações; Lembre-se que ligeiras melhorias não são o resultado final e por fim, não desista mesmo que no seu plano tenha esboçado um tempo de atleta mundial para alcançar a vitória. Os números também contam histórias se por detrás dele esteve um(a) escritor(a) franco(a). Seja suave e seu/sua amigo(a).
Quando não se pretende ser espetador(a) de sofá da própria vida, o conceito mudança é o nome do meio. Podemos ser gentis connosco e exigir apenas aquilo que conseguimos fazer. É verdade que nos dias que correm com a evolução em ebulição incessante, não mudar é andar para trás contudo a ilusão da estabilidade que a zona de conforto (ou o sofá) nos dá, não passa disso: ilusão. Haverá sempre mudanças que não as vemos a não ser quando vão já lá à frente, ou quando estamos prepara dos emocionalmente, lembre-se disso. Mudamos e voamos.
Deixar para trás um hábito velho, um ritual de décadas pode ser assustador. Para mudarmos – conscientemente- é necessário estarmos fartos, exaustos do mesmo. É esta exaustão que diminui a possibilidade de falhar e reforça a possibilidade de melhor integrar a mudança. É preciso tempo para mudar. E depois é preciso tempo para voar. É preciso tempo para apreciar o que se conquistou. Deveremos, a nosso entender, saborear a vitória, os ganhos, os benefícios. Não se volta atrás. Sentir-se perfeita/0, confiante e destemida/o. E é nesse tempo, o tempo para voar que vai aprender outros rituais, outros ritmos, outros ninhos (e também, porque não outros sofás) para mudar novamente.
Notas para as notas:
- Auto-examine-se (nos seus fracassos, nos seus sucessos, nas suas opções e nos seus sonhos ou desejos)
- Abra-se a novas oportunidades, mesmo que paralelas ao que tanto deseja mudar
- Impulsione-se para um propósito novo
- Procure feedback das suas ações
- Crie um diário, nem que seja para pequenas notas, objetivos ou planos, não precisa confessar-se.
- Brinque-se e divirta-se a pensar, não fique agarrado a toxicidades
IN Revista consciente, crónica Inconsciente, Nº 3 Janeiro 2016
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